domingo, fevereiro 28, 2010

Políticas, entendimentos, bem comum

A JMP anuncia que pretende constituir duas agências de energia transformando as que já existem em Gaia e no Porto para servir as populações do Norte e o Sul do Rio Douro mediante a apresentação de candidatura a fundos comuniários. Assim sim!

Cá estão os entendimentos que vão até para além de Porto-Gaia em benefício de todos os habitantes da AMP.

Cabe agora à AMP e a cada Município dar os seus sinais fazendo com que o Governo e a UE correspondam.

Por exemplo, que tal se todos os Municípios da AMP patrocinassem a criação de lugares de estacionamento gratuito, ou a metade do preço, para veículos amigos do ambiente e económicos? E parques para o efeito?

E se, como infelizmente poderá suceder, forem implementadas portagens nas SCUT se estipulasse que os referidos veículos, como é o caso dos veículos eléctricos, não as pagassem ou pagassem um valor reduzido?

São políticas locais, a jogar com as metropolitanas e, quem sabe, com as futuras regiões, de que o País, em minha opinião, também carece.

A ruptura

Apareceram umas vozes a dizer que, face à calamidade financeira em que nos atolaram, o país precisaria de um Governo de coligação, leia-se um Governo PS/PSD que garanta a estabilidade política necessária para levar à prática um PEC dolorosíssimo.

Essas vozes não têm a coragem de esclarecer se um tal casamento inclui a figura do “engenheiro”, mas parece óbvio que a união com um cadáver político seria ineficaz, senão impossível. Admitamos, portanto, que essas vozes concedem implicitamente que uma tal coligação implicaria uma nova liderança no PS, de par com a mudança de liderança no PSD.

E então?
Pois considero que, mesmo recambiando para Castelo Branco o zombie que se arrasta em S. Bento, deixou de ser possível qualquer aliança séria com um PS que se descredibilizou completamente ao longo da governação socratina. Insistir nesse caminho, mais a mais com base num PSD que acumulou tantos genes idênticos de manipulação da máquina do Estado e do mundo dos negócios (veja-se caso BPN), seria dar o sinal errado ao país e agravar ainda mais a desconfiança geral.

Espero que a “ruptura” de que fala Paulo Rangel resista a essas musas situacionistas que apenas exigem a repartição do bolo, para que tudo fique na mesma, em nome de uma união ou salvação nacional feita de consensos pôdres, de práticas antigas e de receitas caducadas.

Ora é aqui que entra um outro actor político que tem de acordar do seu imediatismo, tantas vezes oportunista: o CDS.
Mas isso é conversa para mais tarde.

Classicos voltam a correr em Vila do Conde




Dia 22 já podemos ter o nosso Jose Marcelo a fazer o circuito Vila do Conde em 2 rodas!!!

sábado, fevereiro 27, 2010

Mau tempo

Isto está mau. Já não chegava o país estar como está, e agora anda tudo pelos ares. Já caíram 2.000 árvores desde a manhã de hoje, há carros capotados, estão cortados os acessos ao Maia Shopping e a muitos outros locais, os vidros da Torre das Antas estão a estilhaçar e a cair para a rua, e os comboios já não passam perto de Santarém. Sei que de manhã ainda passavam devagarinho no meio de um lençol de água mas a meio da tarde o Alfa que vinha para o Porto voltou para Lisboa porque a linha estava cortada. No princípio da rua de Fez uma árvore tombou pela raiz para cima de um muro e de uma casa, e o mar está alto e cinzento. Já não me lembro de um ano em que desejasse tanto o Verão como este....

Porque hoje é sábado com muito vento

Porque hoje é Sàbado (12)

Acrìlico de Bill Saunders "Distant Hills"

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Profissão: Arquivador-Geral e a Sub


Patuscadas

O patusco pôs-se a jeito: leva disto

Fazer tricot


Tenho uma Tia, que adoro, que quando passava lá em casa, andaria eu nos meus 7/8/9 anos, trazia sempre um saco cheio de lãs que ela transformava em camisolas e coisas do género. Nunca percebi para quem é que a senhora faria tanto pull-over e ainda hoje me pergunto que destino dava a tanto agasalho, mesmo em época veranil.

Eu entro nesta história porque era constantemente envolvido nas preliminares tarefas de transformar os feixes de lã numas bolas, que essas sim serviriam para alimentar as agulhas do crochet ou do tricot. "Oh Chico, dá aqui uma ajudinha", e eram minutos que me pareciam eternidades de braços estendidos, como uma roca. E quando terminava um dos feixes, lá vinha, apesar do meu cansaço: "Oh amor, vamos fazer mais um que aquela nem dá para uma manga".

Hoje o Público diz que o Sr. Teixeira, um dos responsáveis governamentais pelo desastre do país, mandou recado às empresas públicas para que congelem os salários. Gostava de perceber onde é que os salários dessas empresas pesam no orçamento de Estado, a não ser que haja ali muito auxílio público encapotado e à conta do erário. Mas depois da promessa de congelarem os salários da função pública, esta nova medidinha lembra-me a Tia tricoteira: "é o último, meu querido".

Um dia em que lhe disse que precisava de fazer xixi, a ver se me escapava, respondi-lhe depois, já trancado na casa-de-banho: "Vá pedir aos manos, aos grandes. Porque é que sou sempre eu, Tia?"

Conversas privadas e inocentes

- Está lá, Zé?
- Sim, quem fala?
- Ó Chefe, sabes muito bem quem é. Não vou dizer o meu nome!
- É pá, não me trates por Chefe, porque ninguém me trata por Chefe, como sabes! O que é que queres?
- Olha pá, sabes aquela coisa, (não vou dizer o nome), que os americanos chamam “stupid box” e já foi da Igreja?
- Não faço ideia ao que te estás a referir, mas diz lá.
- Sabes essa coisa da qual não fazes ideia e onde trabalha uma gaja que se diz jornalista e está sempre a dizer mal de ti?
- Já te disse que não sei ao que te referes, nem sei de que gaja falas e porque é que estás contar-me isso, mas diz lá.
- Bem o que se passa é que nós decidimos comprar aquela coisa da qual tu não fazes ideia, e pôr no olho da rua aquela gaja jornalista que diz mal de ti, e que tu nem sabes quem é, nem conheces.
- Ó pá, para já não sei quem é o “nós” de que falas, e que quer comprar aquela coisa da qual eu não faço ideia e pôr no olho da rua aquela gaja jornalista que diz mal de mim, mas eu não sei quem é nem sequer conheço, mas diz lá.
- Ó Chefe, prontos, é simples! É só para saber se concordas com a coisa?
- Olha pá, repito-te que não sei quem é o “nós” de que falas, e que quer comprar aquela coisa da qual eu não faço ideia e pôr no olho da rua aquela gaja jornalista que diz mal de mim, mas eu não sei quem é nem sequer conheço, mas, ok, concordo, embora não saiba do que estás a falar!
- Ah, e outra coisa, também não sei quem és e porque é que me estás falar e eu não tomei conhecimento de nada, para além de te repetir que não me trates por Chefe, porque a mim ninguém me trata por Chefe, ok?
- Tudo bem, Chefe, compreendi-te!

Joaquim Mexia Alves

Até está um dia de Sol

Isto não é dar graxa ao Manager, até porque quem diz que eu sou a Mãe do blogue não me merece consideração. Um grande abraço de parabéns, Carlos.

CDS

O trabalho que o CDS tem desenvolvido tem sido em muitos pontos meritório. Depois de ter conseguido no âmbito da AR
- a suspensão do Código Contributivo;
- o reembolso do IVA a 30 dias;
- a compensação de créditos fiscais e não fiscais prevista no Orçamento de Estado,

a obrigatoriedade de pagamento de juros moratórios por parte do Estado é uma grande vitória do compromisso do partido perante o eleitorado. E é muito importante para o País.

Mas se é verdade que muito esforço e empenho tem sido dedicado a umas causas o mesmo não parece aplicar-se a outras. E é para as defender que o CDS foi fundado.

Só o CDS as defende, desde logo, na sua declaração de princípios.

O combate à corrupção, ao consumismo, à devassa da vida privada, à exploração, a luta por uma nova ética da vida em sociedade, a agenda dos valores, a protecção e o apoio à família, a oferta para a sociedade portuguesa de um modelo assente nos valores éticos, sociais e
democráticos do humanismo personalista de inspiração cristã, são propostas cada vez mais actuais.

Acresce que, em minha opinião, a organização interna e externa - a regionalização - carecem da mesma dedicação por outras razões.

A ver vamos o que conseguimos realizar.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Um país de mentirosos ou uma mentira de país

Rui Pedro Soares, a seguir a Mourinho deve ser o Tuga mais popular, afirmou hoje no parlamento que não é o representante do Estado na PT. E disse mais, que a o Estado não tinha nenhum representante na administração da PT. Mas afinal em que paramos? Estamos todos a brincar? ou só prova que a promiscuidade é de tal ordem que o estado não precisa de ter ninguém na administração da PT pois todos os que lá estão são directa ou indirectamente representantes do estado. Loucura.

A gente a que temos direito

Não há dúvida que uma grande parte dos actuais actores políticos desta república de opereta são no mínimo confrangedores.

Confrangedores, e apesar de não ser directamente responsável por ter posto esta malta a governar, sinto-me envergonhado por termos chegado a este ponto.
É difícil falar do nosso governo e em particular do nosso PM sem partir para o insulto.
Mas é uma contenção que tenho que ter, isto para não ser igual a outros. E por outros quero dizer gente abaixo de cão que agora parece querer dominar a blogosfera.

Tenho para mim (vale o que vale) que nunca descemos tão baixo. Será preciso voltarmos aos primeiros anos da república para termos gente deste calibre nos comandos dos assuntos do estado. Nem nos anos de alucinação colectiva do PREC a mediocridade era tão evidente.

O facto é que os Homens com H grande foram sendo substituídos por subespécies pequeninas sem carácter. O que sentimos quando olhamos o quadro geral das figuras deste estado, com excepções é evidente, é uma desolação total perante as figurinhas anedóticas, parece que saídas de um qualquer romance de Século XIX.

Voltei

O meu reaparecimento no Nortadas não podia vir em melhor altura, o país de rastos, a economia mundial em colapso, o Boavista perto de descer outra vez, enfim... só calamidades.

Alguma coisa de bom tinha que acontecer e o Conselho Superior desta Casa, num acesso de grande inteligência e bom senso, resolveu implorar para que eu voltasse a escrever aqui.
Claro que tive que ponderar (2,5 segundos) a minha volta.
Claro que tive de pensar (1,3 segundos) nos prós e contras.
E claro que tive que equacionar (0,9 segundos) todos os problemas que daí poderiam advir.

Mas os apelos vindos de todos os quadrantes do Nortadas; portistas, benfiquistas, Boavisteiros, cavalheiros de direita, gáijos de esquerda, machões, gays (espera...acho que não), fizeram com que voltasse.

Sem brincadeiras. É com muito gosto que volto a escrevinhar umas coisas na casa que ajudei a fundar já lá vão 6 anos. É bom voltar para junto dos amigos.

De regresso

O Zé é a mãe do blogue. Sim porque tem que haver um pai e uma mãe. Nada de dois pais. Vai daí que o Zé esteve de longe a ver os filhos crescer. E satisfeito por ver que cresciam mas sentiam a sua falta voltou onde sempre esteve: ao Nortadas que comigo criou. Escusado será dizer bem-vindo. Agora força nas teclas e desbunda posts.

Crise, PEC, PT e as audições

O país está em crise, o governo não consegue apresentar um PEC e a PT é bombo da festa. Quanto às audições aos jornalistas e afins, dá a dar o que sempre esperei. Muita parra e pouca uva. Que os jornalistas são pressionados não é surpresa para ninguém. Que o PMinistro telefone a jornalistas não é assim tão grande surpresa. Que peça para não sair uma noticia é normal desde que o argumente e até ajude um jornalista a descobrir que está prestes a descobrir um erro.

Enfim parece que está tudo como no quartel general de abrantes.

Mudanças

Mexer num blogue é sempre um risco. Mexer num blogue enquanto lá fora o vento sopra forte e o sono ataca de igual maneira maior é o risco. Tal como pintar uma casa é um processo evolutivo, também esta mudança será aos poucos. Peço desculpa aos nossos ilustres eleitores bem como aos escribas desta casa. Peço ainda atenção para verem onde colocam os pés não vá ser uma lata de tinta ou tropeçarem em algum escadote. Até amanhã.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Douro sempre

O Douro está agora mais perto.

O Douro tem "picado" este blogue e os outros. O Douro toca muita, muita gente.

O Douro é do melhor!É D'oiro!

Uma quinta orwelliana

Quanto mais se sabe sobre os papéis de D. Cândida (escutar os magistrados) e de Pinto Monteiro (esconder os despachos), mais aquilo parece um galinheiro.

Olha a novidade

"Não se esperava que a simples entrada em
vigor do Tratado de Lisboa resolvesse os problemas
da política externa europeia de um dia
para o outro. Esperava-se, sim, que fosse um
estímulo para que as peças se começassem
a encaixar. Não é isso que parece que está a acontecer"
(Teresa de Sousa, 'Público' de hoje)

É caso para dizer que a D. Teresa chega tarde

Lusofonia

Há dias como o de hoje, em que me dá para a Lusofonia.

Apetece-me ouvir o Beijo de Saudade e relembrar a sua história.




Um dos grandes poetas de Cabo Verde foi B. Leza (Francisco Xavier da Cruz).
No fim da sua vida, B. Leza estava doente em Lisboa. Em agonia, pede neste poema ao Tejo que leve à sua mulher (que estava no Mindelo, em Cabo Verde) um beijo de saudade.

Neste video, Mariza e Tito Paris (no CCB) cantam esta mistura de fado e morna, em português e crioulo.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

O douro

O douro entrou-nos por aqui dentro como um comentarista assíduo. Normalmente de pena afiada ia desancando um e outro dos bloguistas desta casa. Desancando-os no bom sentido, obrigando-nos a todos a replicar os seus argumentos, a vir à luta. Post que não tivesse um comentário do "douro" não era post.

Um dia recebi um telefonema do FVF. O douro afinal era de corpo e alma e queria conhecer aqueles em quem andara a desancar. A empatia foi imediata. O café desenrolou-se no Porto e apesar de não sermos muitos os presentes, fui porta-voz de dois sentidos. Do "douro" que via com bom grado deixar os comentários e passar a ser alvo dos ditos, e dos bloguistas que não estando presentes lhe mandavam cumprimentos.

Durante um tempo mandava-me os posts para eu colocar. Foram dias dificeis. Não tinha tempo para dar vazão a tanta produção. Passou a ser de corpo inteiro e password de acesso.

E daí para cá todos os que por aqui passam conhecem a pessoa. O "douro" ou o Francisco. 600 posts depois somos amigos. Somos aqui neste blogue uma familia. Com desavenças, com picardias mas solidários sempre.

Assim se vê a força do Nortadas.....bem vindo Francisco..

Levantar o nevoeiro

Nasci no Porto.
Há um não sei quê naquela humidade, naquele nevoeiro, naquela nortada, naquela luz sobre as camélias (o Rui Moreira tem razão), naquele rio matreiro, nos cheiros e nos insultos, nas gargalhadas, na brejeirice sã e crua, que nos marca para sempre e de que maneira.

Sinto essa marca na alma e no meu reumatismo e é por isso que, depois de 25 anos em Bruxelas, é ali no Porto que quero esperar pelo Alzheimer, porque é ali que estão os meus amigos de sempre, foi ali que nasceram os meus 8 irmãos e é do Porto a Cecília que me salvou do meu inicial deslumbramento pateta pela CEE.

O Porto é a raiz forte que tenho e de que preciso para não ir ao 'Deus dará'.
Por causa desse orgulho atrevido é que me imaginei 'douro' escriba. E quem me sofre e atura são os companheiros do 'Nortadas', mais os seus leitores ocasionais. O rio também não tem culpa, mas a esse tanto lhe faz.

Chamo-me Francisco Sousa Fialho e, como é obvio, assumo inteiramente tudo o que aqui fui escrevendo sob o pseudónimo 'douro' e o que vier ainda a escrever .

Olarilolé!

E unir-me à minha gente


segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Que viva a Madeira!

Os madeirenses são gente de fibra. Hão-de se levantar.
Video impressionante: aqui

Golden Shares


A propósito da golden share do Estado na PT, diz um articulista do Expresso que seria um desastre para Portugal se a PT caísse nas mãos da Telefónica ou doutra multinacional, e acrescenta: "…é para evitar isso que existe a golden share e é por isso que ela deve continuar a existir".

Convinha talvez explicar ao Sr. Nicolau Santos, caso tal lhe interesse, três coisinhas de somenos:

a) O condicionamento industrial foi tique do Estado Novo e vai sendo tempo de mudar de mentalidade;

b) A golden share do Estado na PT (assim como outras, Galp e EDP) está condenada a desaparecer pois o Tribunal de Justiça da União Europeia já prepara uma sentença a condenar Portugal, como o indicam as Conclusões de 2 de Dezembro de 2009 do Advogado-Geral no processo C-171/08 (aqui). É, aliás, por isso, que, à semelhança das nomeações apressadas dos Vales, o Governo acelera estas manobras a cavalo de golden shares que ele sabe destinadas a desaparecerem;

c) A única forma eficaz de a PT ou outra empresa qualquer resistir às eventuais OPAs, declaradas ou sorrateiras, é velar pela sua própria eficácia produtiva, solidez financeira e transparência nas decisões estratégicas. Negócios e truques de saguão, como os que vão afundar a Cimpor, é o caminho mais curto para o desastre.

Os que pensam que as golden shares são uma apólice de seguro contra a incompetência são os principais coveiros do nosso desenvolvimento.

Notícias de outro País

Aqui pela Holanda, país organizado, onde faz frio, onde algumas igrejas passaram a ser usadas como lojas de muitos tipos de comércio, onde o custo do parque de estacionamento na rua chega a 5 euros à hora, cai o governo de Sua Magestade. E daí?

Cai e cai mesmo. Há quem defenda o não à guerra no Afganistão e acaba a coligação!

Aí vêm as eleições, mas agora o risco é do radicalismo. Qual é o mal? Esse sim, entre outros, é o mal. E está aí por incompetência dos partidos do chamado arco da governação.

É o que Vale

Em contraponto a certas fórmulas encomiásticas com que certos jornalistas portugueses se babam, Vale ler isto.

Porque hoje é mesmo segunda feira



dedicada ao meu Boavista que voltou a ganhar....

domingo, fevereiro 21, 2010

Travessuras da Menina Má

Li recentemente as “Travessuras da Menina Má”. Foi o meu primeiro livro do escritor Peruano Mário Vargas Llosa.
O livro tem como cenário os acontecimentos políticos da década de 70 na América Latina e o exílio de intelectuais na Europa, experiências - ao que vim a apurar -também elas vivenciadas pelo autor (morou em França com bastantes privações, trabalhou como tradutor em Londres, te simpatia pela revolução de Fidel Castro e uma forte ligação ao Perú).
Tudo começou naquele “verão fabuloso”, quando o jovem Ricardo conheceu a “chilenita” – a “Menina Má” - com olhos cor de mel e que lhe desencadeou um amor profundo, tortuoso, até doentio, e que se arrastaria por 40 anos e passaria por Lima, Paris, Londres, Tóquio e Madrid.
O conflito central do romance traduz um diálogo entre dois estilos de vida opostos: A vida de Ricardo - uma vida planeada e previsível – e a vida da “Menina Má” - uma vida sem rumo, que segue a corrente de acontecimentos.
Em certos momentos ficamos com dúvidas se a paixão de Ricardo é só pela “Menina Má” ou também pelo tipo de vida que esta representa. Certo é que o livro gira em torno de conflitos: a verdade e a mentira, o cómico e o trágico, a proximidade e a distância, a sorte e o destino, a dor e o prazer, a moralidade e a imoralidade (ou amoralidade?), o rico e o pobre, o poderoso e o oprimido. Mas não será também a nossa vida (dita normal) um pouco desse conflito?
O jovem Ricardo tinha apenas duas ambições na vida: amar a “Menina Má” e morar em Paris! Ele instala-se, sozinho, na cidade da luz, como tradutor e intérprete, mas a sua amada atravessa o seu caminho com diversas máscaras: aprendiz de revolucionária na Paris e na Havana dos anos 60; esposa de um milionário britânico na “Swinging London” da década de 70; amante de um mafioso japonês e organizadora de golpes, tramóias, mentiras e traições que infernizam a vida de Ricardo.
Uma história de idas e vindas de uma mulher aos braços de um homem, que, de cada vez que esta regressa, a recebe incondicionalmente, só para a ter durante o pouco tempo que ela precisa para voltar a partir…
Além do amor entre Ricardo e a “Menina Má”, Vargas Llosa trabalha com incrível sensibilidade os personagens secundários, os grandes amigos de Ricardo: Paul, que embarca na epopeia suicida da revolução peruana; Juan, cujo mergulho na outra revolução, a sexual, revela-se também ele trágico; Salomón, intérprete genial e melancólico; Simon e Elena, o casal de vizinhos, e o tio peruano que lhe dá constantes notícias do descalabro do país.
Apesar de serem personagens que se situam nos antípodas, o certo é que nem Ricardo nem a “Menina Má” se afastam em absoluto da sua humanidade. Ricardo, apesar da sua vida pacata, não deixa de constatar que “na vida raramente as coisas acontecem como planeamos”; Já a “Menina Má” descobre que, ao escolher viver intensamente a vida e sem se impor quaisquer limites, acaba por não vivenciar sequer o lado bom da vida.
O enredo chega a ter momentos sórdidos mas, mesmo aí, o autor consegue manter aceso o lado romântico e doce, para concluirmos no final que, se calhar, a “Menina” não era assim tão “Má” e o menino não era assim tão bom. No fundo, ambos carregavam o doloroso peso das suas fatalidades e diferenças culturais e sociais.
O romance "Travessuras da Menina Má" não sendo o livro que permitiu ao autor o tão ansiado Prémio Nobel (pelos vistos, pouco faltou) foi, para mim, e sem qualquer margem para dúvidas, um bom cartão de visita de Mario Vargas Llosa.

Notìcias do meu paìs

Òleo de Manuel Amado "Janela com cortinas" - 1987


O "engenheiro" morreu politicamente.
Os membros do Politburo deste Andropov de pacotilha rodeiam o cadàver, a esconder o féretro mas tolhidos de medo. Hesitam em deposità-lo na cova com receio de nela caìrem também, mas não se dão conta de que a putrefacção polìtica que assim alimentam os infecta e os condena. A prova é que alguns jà deliram.
Na outra banda, hà uns tipos que olham aquele ajuntamento sem perceberem bem o que se passa. Alguns desconfiam que hà um morto a enterrar mas, na sua cobardia poltrona, afivelam um ar de senador e esperam que o coveiro faça o trabalho por eles e lhes poupe o incòmodo da tarefa.
Outros não entendem mesmo nada e ainda acreditam que aqueles restos não são um mero boneco de cera e que, portanto, pode mordê-los.
O coveiro està de férias ou està de baixa, não se sabe ao certo, e desligou o telefone porque pensa que assim consegue iludir a realidade, que para ele é uma maçada e uma inconveniência.
E estamos nisto: o ar cada vez mais irrespiràvel e a àgua cada vez mais contaminada.
À espera não se sabe bem de quê, talvez de uma vala comum que os engula a todos e nos liberte a nòs. Que pôrra de regime!

sábado, fevereiro 20, 2010

Madeira

A catástrofe na Madeira é enorme. A natureza causou estragos dos grandes e a dor de muitos madeirenses é de todos nós. O que é inaceitável é o aproveitamento politico que alguns inimputáveis procuram fazer numa hora de sofrimento e que deveria ser de apoio e algum recato nas palavras.

Incompreensível mas infelizmente a natureza humana tem destas coisas.

Balhamedeus

Òleo de Umberto Boccioni "A mãe" - 1906

…o que valia era que nesse período estival se multiplicavam as visitas à parentela e, então, o avô Abel punha em prática os seus talentos de organizador para fazer deslocar aquela trupe toda, ou boa parte dela, a Alvares ou ao Bolo, por caminhos estreitos e ravinas manhosas.

Chamavam-se um ou dois homens do campo e distribuíam-se os meninos e as meninas pelas mulas, dois por animal a agarrarem-se um ao outro entre risadas nervosas e o olho na ribanceira. Às vezes mandava-se vir um carro de bois, que o avô mandara cobrir com um lençol grande, ao estilo far-oeste, e pousavam lá dentro uma dúzia, vigiados por um ou uma das mais velhas, e iam assim pachorrentos saudar um Tio ou ver uns Primos ou cumprimentar uma Avó.

Uma vez o avô entregou ao Anselmo, jornaleiro daqueles sítios, a tarefa e a responsabilidade de levar um carro desses, pejado de catraiada. O Anselmo ia a pé ao lado, a puxar pelos bois e ufano daquele ramalhete que chamava as atenções de quem quer que se cruzasse.

Os problemas começaram do outro lado do monte, pois agora era a descer e o caminho ia a pique. Para quem não saiba, fica já a saber que é tão cansativo descer uma encosta como subi-la e que é seguramente mais perigoso vir para baixo. Um carro de bois não tem travões e se o animal está cansado deixa-se ir. Claro que estava cansado ou não subira ele toda aquela ladeira a levar a canalha.
Quando o carro começou a acelerar, começou também a dar saltos que o caminho era só pedras e veios. E a pequenada assustou-se e o Anselmo a correr e os bois por ali fora e os solavancos cada vez maiores e uns já a chorar e os maiores a gritar “Oh Anselmo, oh Anselmo”, o pano a rasgar-se, os bois a mugirem e a tropeçarem, incapazes de pararem ou sequer de abrandarem, o Anselmo a adivinhar a desgraça, ofegante, a misturar apelos a Nossa Senhora e "balhamedeuses" com palavrões e uns murros aos filhos da puta dos bois, que o Senhor Abel me mata.

Mas o carro não virou. Que susto!
Nessa noite rezaram todos o Terço com outra devoção, até a Luísa que normalmente adormecia no primeiro mistério. Nunca mais ninguém esqueceu essa viagem que se transformou em assunto de conversa e de galhofa de todas as viagens seguintes. Bastava um dos protagonistas dizer a propósito de nada “Oh Anseeelmo!” e era a risota geral. A nossa mãe, que também ia aos saltos nesse carro, nunca mais a esqueceu.
Era assim...

in "Conversas com a mãe" de 'douro'

"Point of no return"...

Quando tudo corre mal ao sr. Socrates, cai-lhe a Madeira em cima. Em caso para dizer "Point of no return"...

Porque hoje é Sàbado (11)

Òleo de Jacky MacDonald "A praia"

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Mùsica na Rua

Òleo de Fernando Botero "Mùsicos"
"Música na Rua", uma iniciativa conjunta de alguns dos principais agentes da cidade do Porto, foi criada com o intuito de promover novos talentos, bem como a animação musical dos espaços públicos da cidade.

Mais de uma centena de bandas, mais concretamente 113 bandas e 59 solistas, tocarão, num dos novos palcos da cidade do Porto. Os sons, esses, serão os mais variados: música clássica, música tradicional, rock, pop, reggae, jazz, fado, folk e indie, são os novos sons urbanos do Porto que poderão passar a ser ouvidos, a partir de 1 de Março, numa estação do Metro perto de si.

Este Sàbado passe na estação de S. Bento e vai là encontrar ao longo do dia alguns dos cerca de 180 músicos jà inscritos nesta iniciativa da Câmara Municipal do Porto, através da PortoLazer, do Metro, da Casa da Música e da empresa Spot.

Outra noite triste em Viana e em Peniche

Òleo de José Jùlio Sousa Pinto "O barco desaparecido" - 1890

Alguns pensam que escapam

I had no sex with that woman



A primeira vez que vi em directo um político mentir descaradamente foi há muitos anos, mas recordo-me de tal me ter causado uma enorme decepção e revolta: o ministro Rebelo de Sousa, pai do Marcelo, e que era então ministro do Governo de Marcelo Caetano com a pasta do Ultramar, falava oficialmente na RTP, em discurso longo e formal, dizendo que as notícias vindas a público sobre o massacre de Wiriyamn, em Moçambique, perpetrado por militares portugueses, eram todas falsas e que tudo aquilo era uma campanha orquestrada para minar a confiança dos portugueses no Governo e no regime.

Há uma frase que, mais recentemente, ficou na nossa memória colectiva: "I had no sex with that woman". Apesar do burlesco da situação, era outra mentira, dita com a mão no peito, dedo em riste e olhos na câmara, de um importante político.

Ontem tivemos de beber o mesmo cálice: um primeiro-ministro a dizer coisas muito claras e muito simples e muito óbvias, a negar e a ameaçar, e que não e que não e que não. Um mentiroso relapso.

Socrates e Benfica

Ontem foi assim. Durante cerca de 5 minutos tivemos de escolher. Sócrates falou durante os primeiros minutos do jogo do Benfica.
E a mensagem não foi muito diferente. Sócrates repete á exaustão que nada sabia "oficialmente", usando cuidadosamente as palavras para que possa sempre salvar-se. O Benfica continua a repetir á exaustão que é o melhor clube do mundo e que está a "fazer história". Ambos provavelmente acreditam, mas a realidade desmente-os.
Quem é que dizia que "uma mentira repetida 1000 vezes se tornava uma verdade"?

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Quem é amigo, quem é...?

Hoje às nove e meia da manhã, à porta do café do Sr Pinto, a confusão do costume: carros estacionados em cima do passeio, carros em segunda fila, carros na esquina, carros em cima da passadeira. De repente, alguém dá o alarme:....a polícia! E lá ficaram carteiras para trás, cafés a meio, jornais dobrados à pressa, enquanto os clientes voavam porta fora…. Não sei quem voltou primeiro, mas sei que vinha com cara de caso, vagamente desorientado. Não era nada, disse. O agente da polícia que ali passara para entregar uma notificação ou outro aviso na loja do lado, perante todo aquele desassossego, limitou-se a levantar as mãos, e em tom de surpresa, quase escandalizado, terá dito: não se preocupem, não se preocupem, então…!? Eu não estou aqui para os multar…

O grande federador

Paulo Rangel: eis o homem que vai federar a direita. Portas e o CDS que se cuidem. A direita moderna, como se vê neste blogue, começa a enamorar-se de Rangel, o "matador" de Sócrates. E a direita ultramontana já tem sonhos húmidos com o homem (as senhoras que me desculpem a linguagem de caserna).

O Sol vai brilhar de novo amanha


Amanha a edição do Sol trará escutas que dão como provado que a Fundação Luis Figo recebe verbas e que o assunto foi tratado pelo diligente ex-administrador da PT. A coisa está a ficar feia. E o que isto vem provar é que os galispos eram muitos e agora uma série de deles estão no governo. O cheiro a merda aumenta.

Cheira mesmo a mudança

Depois de ser na blogosfera um dos principais defensores do ps, de sócrates e do governo eis que Carlos Santos resolve mudar de lado.

Durante meses defendeu no Simplex as politicas económicas e não só de Sócrates e dos seus amigos. Ainda me lembro de troca de postas entre ele e joão miranda no blasfémias. Recordo que as eleições foram em Setembro. Estamos em Fevereiro. Passaram quase 5 meses.

E eis que só hoje resolveu ir ver os emails que chegaram. Tadinho que na altura não teve tempo. Sim porque ele recebeu os mails mas não lhes deu uso pois ele não necessita de qualquer tipo de ajuda. E ai meu deus que os mails vinham de gente do ps que estava no governo. haviam de estar onde? na oposição? na cadeia?

Claro que na altura, setembro, era defensor dos investimentos públicos. Hoje já não.

O vento mudou está bom de ver. Outros se seguirão.

O candidato dos novos tempos

Na entrevista ao I, hoje, Paulo Rangel inicia o delinear do carácter mais programático da sua candidatura e começa a adivinhar-se o seu carácter eminentemente novo.
De todas, a maior mais-valia que o seu projecto aporta ao nacional-cinzentismo do panorama político-partidário Português é a originalidade e a forma desconcertante com que desafia os seus clichés e o seu status quo.
Paradigmáticas, por isso, são as suas primeiras palavras na área da Educação. Não se promove, somente, uma reorganização ou reestruturação do sistema nacional, mas sim, suscita-se uma revolução coperniciana na sua concepção. Propõe-se o abandono do enfoque no professor, passando o mesmo para o aluno, que se assume como o centro, o cerne do processo educativo. Como tal, todo o sistema gravitará à sua volta. E, toda a macro-estrutura, é alicerçada num modelo de exigência e rigor, não para excluir, mas para incluir cada aluno.
Compulsando esta perspectiva e o pensamento que já vamos conhecendo do candidato, permite-se, desde já, assumir algumas das chaves da “ruptura” que irão conformar o seu programa:
- a cultura da exigência;
- o primado do mérito;
- a preocupação social (de carácter responsabilizador e não assistencialista);
- a dignificação dos pilares do Estado de Direito, com enfoque na trilogia Liberdade /Segurança/Democracia;
- a maturidade da consciencialização do país no espaço e contexto Europeu, em termos económico-financeiros, políticos, culturais e filosóficos;
- a maturidade da consciencialização do país no espaço e contexto Mundial (mundo globalizado), em termos económico-financeiros, políticos, culturais e filosóficos;
- a maturidade na percepção consciente e assumida da insuficiência de meios por parte do Estado;
- e como pano de fundo de tudo isto o critério de um Estado bastante, de um Estado subsidiário;

Ora, tudo isto ganha sentido porque a grande “ruptura” de Paulo Rangel não surge por necessidades, meramente, formais. Advém-lhe, para além das suas qualidades endógenas, por ser a prima facie, o nóvel rosto de uma geração que não viveu o 25 de Abril, que sempre cresceu em Liberdade e que sobretudo, não é tributária nem saudosa do Império. É o primeiro político que cresce num Portugal só, reduzido à sua dimensão original, mas que, conhecendo a sua dimensão universalista, assume a responsabilidade da História como seu penhor e como o cajado que o auxiliará na sua caminhada.
É o protagonista de um Portugal emancipado, sem especiarias da Índia, sem ouros do Brasil, sem colónias e sem QREN’s (isto é, com o fim à vista).
É todo este novo contexto, é toda esta nova visão que materializa a ruptura que se anuncia com esta candidatura. É talhada pelos e para os novos tempos. Como dizia Winston Churchill, chegamos a uma altura onde "Não basta dizer: Estamos a tentar fazer o melhor possível. Temos que conseguir tudo quanto for necessário." É por isso que Rangel é the right man in the right place at the right time.



As cataratas de um paìs adormecido

Acrìlico de Miguel Freitas "Um gato com sono"

Um Projecto

O Diogo Feio escreve hoje um artigo no JN muito oportuno face a situação política no nosso país. Perante toda a incerteza (ou porventura certeza) no futuro deste Governo, para que realmente exista margem para convocação de novas eleições é necessário um entendimento no Centro-Direita que leve à crição de um projecto mobilizador e ganhador, que garanta uma maioria estável.
Se no CDS as coisas correm bem, já no PSD nem tanto assim. Resta-nos esperar para ver se o PSD se entende e sai com uma liderança reforçada. Caso contrário vamos continuar com mais do mesmo, ou pior do mesmo...

Paulo Rangel e política de educação em Portugal

Gostei de ler a entrevista do Paulo Rangel ao I, e o que diz sobre política de educação: “Estar cinco anos a dizer que o problema da educação em Portugal é o problema da avaliação dos professores é pura e simplesmente estar a falar ao lado. O problema é a transmissão de conhecimentos”. A transmissão de conhecimentos, diz, só pode ser garantida eficazmente através de um modelo que privilegie o rigor e a exigência, a autoridade e a disciplina, e que acabe com o facilitismo em que a escola portuguesa se foi afundando em nome de um vão princípio de igualdade que passa todos, e não distingue ninguém, sem se preocupar verdadeiramente com as consequências que um tal modelo tem para o país e para a formação das futuras gerações. Por outro lado, o que considero de aplaudir, tal é a evidência da falha que a abolição do ensino profissional significou para o país nos últimos trinta anos, defende a introdução da via profissionalizante mais cedo – porventura cedo demais, embora o modelo que defenda seja um modelo misto que não significa a irreversibilidade da opção a favor do ensino técnico – a partir do sétimo ano de escolaridade como forma de travar o abandono escolar, e de dar preparação e formação adequada aos alunos que não querem, ou por qualquer razão não se mostram aptos, a seguir o caminho puramente académico. Acerca de educação, estamos de acordo.

CIMPOR

A destruição da Cimpor entrou na sua fase final. A sua Administração chega ao ponto de recomendar aos accionistas que vendam aos brasileiros da CSN apesar de considerarem que o preço é insuficiente.

É necessário que a Caixa Geral de Depósitos explique muito bem o que é que andou a fazer durante todo este processo e que é que ganhou com o acordo parassocial que fez com a Votorantim. Que administrador pilotou este desastre? Queremos actas.

É necessário perceber o que é que o BCP andou a tramar e que promessas fez de venda da parte que ainda detém no seu Fundo de Pensões.
É necessário que os que falavam em manter o centro de decisão em Portugal, mas que agora perderam o pio, venham contar o que se passou.
É necessário que o Sr. Ricardo Salgado do BES venha explicar o quão amigos são os seus amigos brasileiros que ele tanto elogiava.
É sobretudo necessário deslindar esta rede de Finos, Duartes, Salgados, BCP e CGD, cheios de bocas sobre o interesse do país, mas os reais esfrangalhadores de uma das mais importantes empresas portuguesas, através de financiamentos de ida-e-volta, acordos parassociais e traições de borda-d'água.
Enfim, é necessário acompanhar a venda das fábricas no estrangeiro, perceber quem vai ficar com o quê e então veremos melhor quem são os "patriotas" que receberão prémios por terem funcionado como valetes de interesses estrangeiros.

FMI quanto antes...



Acabei de assistir ao programa Negócios da Semana na Sic Noticias.
Participavam o Prof. Medina Carreira e o Prof. Luis Campos e Cunha que abordaram o documento “Estabilidade e crescimento 10-13, por H. Neto, Medina Carreira, J. Salgueiro e Campos e Cunha” que se pode ler no www.blog.sedes.pt
Partilho a preocupação de Medina Carreira e tal como ele também acho que as coisas só vão mudar quando "o FMI aterrar na Portela". Resta-nos aguardar e rezar pela chegada dos mesmos o mais rápido possível.
a bem da Nação!

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Toda a gente percebe que nos jornais, rádios e televisões toda a gente diz o que quer e entende, ainda que, por vezes, aquilo que entendem não corresponda à verdade. Neste período, tem alguma graça lembrar que o jornal Expresso e a SIC são propriedade de fundadores do PSD - e de um ex-primeiro ministro do PSD [Francisco Pinto Balsemão] - , o jornal Público é propriedade do engenheiro Belmiro de Azevedo e que o semanário Sol tem como acionista e ideólogos da sua fundação as principais figuras do PSD", declarou o presidente do PSD/Viseu.

mas eu ouvi mais. ouvi o senhor dizer que podia afirmar que o público se virou contra o governo por ter perdido a opa da pt, mas que não ia por aí. grande homem este.

Carnaval

Devia acabar-se com os festejos de Carnaval, nem que fosse por decreto. Ver gordinhas com pele de galinha por causa do frio glacial, enfiadas em biquinis do tamanho de selos do correio, a abanarem-se em cima de tractores como se fossem vítimas da doença de São Vito é um espectáculo triste.

Boys will be boys?

Caiu Rui Pedro Soares na PT. A pergunta que se impõe: cai sozinho?

Questão de princípio


Tendo em conta que os dois administradores da PT que, em nome da golden share do Estado, encornaram o Sr. Granadeiro não se demitiram nem foram demitidos, a questão que se coloca é a de saber porque espera o Sr. Granadeiro para se demitir.

Dar gato por lebre


Há dias em que a leitura dos títulos da imprensa portuguesa me causa náuseas. O problema é que esta azia tende a ser constante e por isso, antes de abrir, por exemplo, um jornal económico, tiro uma embalagem de Motilium da gaveta pois já prevejo desarranjos de metabolismo.

Ora vejamos:
a) Diz que há um ex-eurodeputado do CDS que vai fazer lobby junto da União Europeia, na área de apoio estratégico às candidaturas a fundos comunitários: "há que aproveitar enquanto está lá o Barroso –dizem eles- porque daqui a 5 anos acaba". Deve ser por esta ordem de razões que baptizaram aquilo de "Eupportunity". Primeira pastilha.

b) "A eleição do Constâncio é uma vitória da diplomacia portuguesa". Eu até pensava que os leitores dos jornais económicos eram gente mais informada e exigente, mas pelos vistos certos jornalistas acham que lhes podem impingir qualquer patranha. Nova pastilha.

c) Na Focus, "Barroso lidera combate à crise económica". Eh pá, o médico disse-me para não abusar do Motilium e 3 comprimidos em dez minutos é capaz de ser demais.

Oh Zulmira, o que é que temos para o almoço?

Não fui eu, foi ele


À volta do caso grego andam umas baratas tontas a sacudir água.
O Conselho Europeu do dia 12 declarou que a União apoiaria a Grécia, sem dizer como nem quando. Agora tropeçam em prazos (ou são 15 dias, ou 30 ou 3 meses) e apontam-se dedos ao estilo "foi aquele". O homem das estatísticas gregas já se pirou para Nova York e de lá diz para quem o quiser ouvir que não foi ele, que ele até tinha chegado a números superiores a 14% mas que foi o Governo que fez cosmética e encolheu a coisa para os 12.

Ontem, vieram contar que foram uns americanos que ensinaram a congeminar as contas. Hoje, o primeiro-ministro grego diz que a União estava a par de tudo isso e que não pode agora sacudir a água do capote. Ontem veio o presidente da Zona Euro avisar que o contribuinte europeu não está disposto a pagar a factura. Mas afinal qual é o plano de apoio à Grécia? E onde pára a Comissão? Ah, é verdade, a Comissão viaja: pois, voa voa Joaninha.

Não há por aí uma embalagem de sheltox?

Para começar uma quarta que parece segunda

Pinóquios??


Pode um politico mentir? poder pode mas não deve. Mas infelizmente só o podemos castigar de 4 em 4 anos. Mas o que nos tem demonstrado a prática é que mentira após mentira eles lá se vão mantendo.

Como se termina esta praga? mudando os politicos ou implementando um chip em cada um deles que conterira um detector de mentiras? A mim basta-me uma pequena mentira e passo rapidamente a rubro quase explosivo.

Mas o que fazer com aqueles que têm a mentira como parte integrante da sua vida?
Até quando?

A questão nasce com a pergunta/afirmação que Paulo Ferreira faz sobre a intervenção de Paulo Rangel no parlamento europeu. Mas terá Rangel mentido?

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Arbitragem

O Presidente da LPFP anunciou a proposta de profissionalização da arbitragem. Sempre considerei, por experiência própria, que o parente pobre do futebol devia ser profissional.

Os treinos, com uma preparação física direccionada ao esforço exigido, o melhor tratamento adequado às lesões que sempre surgem, as reciclagens técnicas, as palestras, os seminários, as acções de formação de qualidade, com apoio dos mais modernos meios, só se conseguem com recursos financeiros próprios.

A remuneração decente e a tempo e horas também vai, finalmente, ser uma realidade.

Devem ser os árbitros a escolher quem os apoia e dirige com toda a liberdade, longe das inevitáveis garras de clubes e associações que tentam sempre exibir-se.

Está de parabéns Hermínio Loureiro. Quanto aos árbitros cabe-lhes aproveitar esta oportunidade única e recorrer à experiência dos antigos melhores árbitros, aos melhores formadores, para poderem estar sempre melhor. Dentro e fora de campo, sendo certo que vão continuar a errar. Vão errar sempre. Estou certo, no entanto que, no futuro, cada vez menos.



A terminar, é bom que os previstos centros de apoio sejam em Gaia e na Amadora. Para variar é um bom sinal de regionalização.

Ter pressa


"O valioso tempo dos maduros
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!"
Mário de Andrade

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Um bom dia de pasmaceira

Já vou no segundo episódio de House. Já li outros tantos livros de banda desenhada e preparo-me para mais uma noite de carnaval mascarado de "soneca". Abençoado carnaval. Lá fora parece que andam uns foliões a discutir como de destrói um país. Uns armados em administradores de empresas do estado, outros de palhaços, outros como primeiro ministro, outros de zorro. O pior é que na quarta feira outros vão continuar com a máscara.

Dois ou Três comentários aos tempos de correm

Comentário 1: Tem-me impressionado a forma como os políticos em geral (e os do PS ultimamente em particular) se agarram aos seus lugares como se não houvesse amanhã (talvez para eles não haja). Mesmo perante factos incontornáveis há uma justificação e nunca há uma demissão. Faz-me lembrar aquele "D.Juan" que é apanhado pela mulher em flagrante, se vira para ela e lhe diz com toda a convicção: "Tu acreditas no que estás a ver ou acreditas em mim?".
Comentário 2: Também me impressiona que Portugal esteja numa situação financeira crítica e que a reacção geral seja de preocupação sem que nada se faça para resolver a questão. É olhar para o Orçamento do Estado que continua a prever um crescimento de despesa (com a "bênção" do CDS e PSD), é olhar para a crítica às agências de rating como se elas tivessem tomado as nossas más decisões, é olhar para a reacção de todas as pessoas a quem cabe um sacrifício e preferem protestar. Achamos que assobiando para o lado as coisas resolvem-se, só que isto já não vai lá com música.
Comentário 3: Para lembrar que por muito menos o Sampaio demitiu o Santana...
Façam o favor de continuar a ter um bom Carnaval!

Fábula de Carnaval (mete lebres e coelhos)


Atrás de uma lebre a correr e agarrado à cauda dela postou-se um coelho branco a aproveitar o balanço da outra. Apercebendo-se da fadiga da lebre, julgou o coelho branco que podia transformar-se ele em lebre, tanto mais que olhando para o lado via um coelho pardo, em passos apressados, a fazer-se de lebre.

Eis quando duma toca longínqua sai uma verdadeira lebre que deixa os coelhos branco e pardo a carpirem a sua decepção: "Não há direito nem justiça: era a nossa vez. Unamo-nos. Mais vale ser lebre por um dia que coelho a vida inteira". E assim decidiram que mantinham as suas máscaras de lebre, apesar de serem meros coelhos: um branco, outro pardo.
Quando o caçador viu as 3 lebres teve de decidir a que duas disparava, visto a arma só ter dois canos. PUM, PUM: ora bolas, dois coelhos!

Joaninha...voa, voa


730.000 euros terá sido a despesa de Durão Barroso em jantares, viagens e presentes no único ano de 2009, suportada pelo orçamento da União. Duzentos dias (200) foram ocupados em viagens.

Seria tentador fazer um bocado de demagogia com estes números, mas prefiro chamar a atenção de um simples pormenor (ou será 'pormaior'?): foram precisos 3 meses para a Comissão responder a um pedido de informações sobre esta matéria.

O contribuinte europeu, o cidadão europeu tem todo o direito em perguntar tudo e as instituições europeias têm a obrigação de responder a tudo com diligência e transparência.
Nunca o esqueçamos.

Um escritório em Tóquio

Um escritório em Lisboa

sábado, fevereiro 13, 2010

A caminho

Como é que ele havia de ter boa pinta?
Dir-se-ia que jamais recuperou de ter nascido aos sete meses às mãos de uma parteira local, em tarde chuvosa. Se chorou ao nascer não se ouviu, tal era a gemideira da mãe à mistura com os berros da outra mulher, atarantada entre alguidares e toalhas. Entretanto, uma zaragata acesa na tasca do lado criava o ruìdo de fundo ideal para sugerir a um feto inteligente que seria melhor não fazer muitos esforços para começar a respirar.
Terá sido a sua primeira asneira: inspirar.

Foi um catraio sem história, mas ficou na lembrança de alguns o incidente da catequese. Então o miúdo não teve a insolência de perguntar se as chamas do inferno queimavam os olhos e se os condenados ficavam a esturricar cegos? À conta disso adiaram-lhe a primeira comunhão e, como espigou de repente, as calças compridas que a mãe lhe preparara para a ocasião pareciam zangadas com os sapatos aquando da leva seguinte. A mãe já não assistiu à chacota da canalha pois apagara-se de uma maleita misteriosa antes dessa segunda fornada de santinhos.

O viúvo, aconselhado por uma tia velha e pressionado pelo pároco, acedeu a mandar o garoto para o seminário. Este pai não era má pessoa, não tinha inimigos nem tampouco amigos, mas era conhecido pelo seu defeito de dicção, o que exigia uma paciência de Job a quem o quisesse conversar. Era um homem de poucos gestos e de poucas palavras. Talvez fosse por isso que o miúdo o adorava.

Essa decisão de o separarem do pai e da casa magoou-o profundamente. Mais que a morte da mãe, que era algo definitivo e porque a imaginava no céu, era a ideia de que ia deixar de sentir o cheiro do pai, de lhe ouvir os passos, de o ver arrastar a cadeira à mesa que o esvaziou e o amarrotou. Afinal de nada lhe valia ser o único que na aldeia percebia o pai à primeira.

Quando à partida o homem lhe deu um abraço, o rapazito agarrou-o pela cintura, dir-se-ia que a esconder alguma lágrima nos bolsos do colete e a tirar-lhe um farnel de cheiro que o aconchegasse no futuro. O abade Silveira desatou-lhe as mãos das costas do pai imóvel, que a carreira não condescende com atrasos por pieguices. Não disseram palavra mas foi num trocar de olhares que ele reparou realmente no filho, viu o rapazito, viu-se a si a subir os degraus e olhar-se do outro lado da janela, dois carvões enxutos e brilhantes, e isso é impossível de desatar.

Senta-te – disse-lhe o cura a puxar-lhe pela manga – e olha para a frente que vamos a caminho de Deus. E a caminho de Deus lá foram.

Porque hoje é Sàbado (10)

Òleo de Edgar Degas "Ecole de danse" - 1873

outra vez as minhoocas



começa ser mania, mas as minhocas voltam a fazer das suas. Ongoing. Mário Crespo. Diário Económico. PT. Sonae.

Quando despoletou a polémica sobre investimentos da PT na Ongoing onde é que foi publicada a acta da reunião da PT e que levou à demissão de Jorge Tomé? Diário Económico

quem era o administrador da PT envolvido? Soares Carneiro que volta à ribalta no negócio da PT e TVI.

Quem foi o jornal que mais se opôs à OPA da Sonae sobre a PT? Diário Económico.

Porque se diz que foi o Diário Económico que lançou um nuvem de fumo sobre o negócio PT-TVI?

claro que Mário Crespo é incómodo por questionar muito.

estas minhocas vão dar cabo de mim,

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

A estória da Cimpor...

Parece-me mal contada.

As notícias apregoam por aí que a Camargo Corrêa, brasileira, teria comprado cerca de 30% da Cimpor, entre outros, à Teixeira Duarte, o que, por acaso, deve dar muito geitinho ao Millenium.

O estranho da coisa, na minha humilde e in-esclarecida opinião, é que está em curso uma OPA, para os incautos oferta pública de aquisição, sobre a totalidade do capital da Cimpor, por parte de outros brasileiros, neste caso os da CSN.

Ora, a vantagem da OPA é que, para além de ser pública, o que significa que as suas condições são publicitadas, transparentes e, crucialmente, iguais para todos, para além disso, incide sobre a totalidade do capital. Ou seja, beneficia, ou não, igualmente todos os acionistas.

Portanto, a questão que me preocupa é esta: se os grandes acionistas podem vender paralelamente, fora de bolsa, enquanto está a correr a OPA, e por condições diferentes das da OPA, não será que os pequenos acionistas saiem claramente prejudicados?

Não havia, na regulamentação das OPA, normas que impediam isso mesmo?

Que país é este em que há regras para uns e excepções para outros? Sendo aqueles os pequenos e estes os grandes?

Onde está o primado da lei, em que é suposto basear-se o Estado de Direito?

Onde estão os reguladores e os supervisores? Será que isto não vai acabar tudo em tribunal, prejudicando compradores, vendedores, trabalhadores e a própria empresa, se calhar durante anos?

Estarei louco, ou a enlouquecer?

monte

A questão geracional é uma falsa questão. Concordo com o Douro. Até porque conheço malta que no BI são jovens mas não o são na realidade, e conheço malta que no BI já tem uma certa idade e que na realidade são uns jovens. Quanto a quererem empurrar-nos para o Monte, se for o caso deixo aqui algumas sugestões que estão num site de classificados. Nesse caso levo cartas, vinho e uns cds de boa música. A manta espero que já lá esteja, coçada e com cheiro a lenha.

"Vai um tabefe?"

Compreendo que a questão de saber quem seja o próximo Governador do Banco de Portugal é uma questão importante e que o Parlamento e os partidos têm o direito e a obrigação de tal acompanharem muito de perto.

Mas alguém me explica que relação é que isso tem com a votação do orçamento de Estado?
Estarei eu completamente ultrapassado e a precisar de uma manta, ou isto soa a birra de menino que ameaça guinchar ou partir o copo de cristal se não lhe derem o sorvete?

Num filme português antigo, o actor António Silva tinha esta réplica genial: "Vai um tabefe, vai?"

Uma manta no monte

Não, não me venham com a conversa da "renovação geracional".
É óbvio que a natureza impõe as suas leis e que todos envelhecemos e decaímos. Felizmente, vem sempre atrás de nós gente com pressa de nos entregar uma manta e de nos instalar no "monte", que nos dias que correm deve ser uma poltrona junto de um radiador com um tele-comando integrado. E isso está muito bem e é muito bom para nós e para eles.

Mas como há tempos escrevia Pacheco Pereira, isso da "renovação geracional" como arma de arremesso para empurrar os seniores e dar espaço aos mais novos é conversa da treta. Nem os mais experientes têm direito a invocar essa qualidade para esconderem os seus erros, nem os mais jovens têm o direito de exigir um lugar só porque estão cheios de energia e o futuro lhes pertence.

Em política, a capacidade para fazer asneiras, dizer disparates e cometer erros graves está harmoniosamente distribuída pelas diferentes gerações. As cãs merecem respeito mas não dão por si só o monopólio da verdade, é certo, e tampouco o frenesim e a dita modernidade dos menos maduros lhes dão por si só o monopólio da visão.

Na contenda eleitoral para a liderança do PSD, desconfiem de quem vos venha falar de "renovação geracional" como sendo um argumento político. Não, não é por aí.

POLVO


A imagem do polvo não é bonita. Nem a real nem a figurada. Gosto mais do bicho em filetes com arroz do mesmo, em especial no Aleixo ou na Capoeira. Quanto ao figurado nem dela nem dos figurões que lhe dão corpo.

Nunca foi tão verdade

O Polvo é quem mais ordena!

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

A três é mais bonito

Parece que a luta no PSD vai finalmente animar. Arrumado que parece estar o Orçamento e que paira no ar a tremideira no ps e no governo chegou a hora de arrumar a casa nos laranjinhas.

Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel e José Pedro Aguiar Branco, ordenados por declarações públicas de candidaturas, são os mosqueteiros que se apresentam.

Quando Passos Coelho se apresentou contra Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite considerei-o a melhor aposta para o PSD.

Mais tarde critiquei a sua sede de protagonismo e os ataques que foi fazendo à sua líder.

Sobre Paulo Rangel elogiei a sua prestação nas europeias, reconheci o seu mérito na vitória e até alvitrei a possibilidade de haver um golpe de teatro e MFL apontar Rangel como candidato a Primeiro Ministro.

Sobre José Pedro Aguiar Branco nunca escrevi muito, mas citei Menezes que nunca foi simpático a avaliar JPAB.

Aqui chegados estão os 3 na linha de partida e a democracia tem a coisa aborrecida de terem que ir a votos.

Não faço ideia de quem consegue reunir mais apoios. Nem de quem vai ganhar pois não conheço o PSD e as suas brigadas de pagamento de quotas.

Diria no entanto que me parece Rangel mais perigoso para o CDS, Passos Coelho mais perigoso para as elites do PSD e Aguiar Branco inócuo para qualquer uma das partes.

Mas aguardemos por mais dados. Mas a coisa promete.

Amanhã nas bancas

As coisas como elas são

No PSD respeita-se o que consta dos estatutos: vai haver congresso a requerimento de militantes.

LIBERTAR O PRESENTE

Não deixa de ter uma certa graça reparar que os adversários de Paulo Rangel só conseguem dizer mal dele depois de lhe atribuir uma série de qualidades. Ele tem cabeça, ele sabe pensar e comunicar, é um excelente jurista, e só depois o criticam e desfazem à conta de pormenores. Quando os nossos inimigos têm previamente de nos elogiar para poder dizer mal de nós, isso é muito revelador.
Eu não sou do PSD e, portanto, não tenho voto na matéria, mas tenho a certeza de que Paulo Rangel será um candidato de ruptura e não do sistema como são os restantes. Nem Pedro Passos Coelho nem José Pedro Aguiar Branco vão mudar nada, pois são, em consequência da carreira ou da personalidade, estruturalmente situacionistas.
Se eu fosse do PSD acharia que era altura de mudar e de libertar o presente e não só o futuro, como anuncia Paulo Rangel.
De toda a maneira, olhando para os candidatos creio que Paulo Rangel será o que mais “incomodará” Sócrates e assim, quanto mais não seja só por isso, o país ficará a ganhar.

A frase

“No único almoço que o 'Sol' teve com Sócrates em São Bento, ele às tantas disse-me que 'isto de a gente tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões'. Foi extraordinário o desplante de ter dito isto e depois ter posto esse plano em prática".
José António Saraiva, director do "Sol", jornal "i", 10-02-2010

Olho neles


A saga que se vem desenrolando em torno da Cimpor revela a cada dia aspectos preocupantes.
O desempenho da Caixa Geral de Depósitos neste imbróglio e a aparente ingenuidade com que se deixou entalar pela Votorantin e pela Camargo Correia, permitindo afinal que o controle da empresa tenha passado para mãos brasileiras, merecem ser muito bem escrutinados.

Amanhã termina o prazo para a CSN, a primeira brasileira e a única que até agora apresentou uma OPA formal, esclarecer se aumenta o seu preço de oferta de compra.

Este assunto exige um balanço, nomeadamente sobre o papel que tiveram ou estão a ter a CGD, o BCP e o BES. Desde logo para podermos aprender o que, com métodos idênticos, se trama noutros tabuleiros como sejam a Galp, a PT, a EDP, a TAP e a ANA.

A minha vénia

Com as suas intervenções no debate parlamentar sobre o orçamento de Estado, Manuela Ferreira Leite fecha o seu ciclo de liderança do PSD e quiçá a sua acção nas linhas da frente da política nacional.

Disseram cobras e lagartos da senhora desde o primeiro dia do seu consulado. Considero-a, pessoalmente, responsável por alguns erros graves na condução das batalhas eleitorais do ano passado, nomeadamente na formação das listas que apresentou ao eleitorado nas legislativas: um soco na barriga dos que queriam romper com práticas e gente sem categoria ética.

Mas a Dra. Manuela Ferreira Leite assumiu com frontalidade e determinação tarefas dificí limas num partido esfrangalhado e num país desmoralizado e cabe-lhe o mérito enorme de ter reunido de novo um conjunto de pessoas que nos podem dar esperança. Neste jogo de matrequilhos em que se transformou a politiquice nacional, Ferreira Leite foi uma Senhora que nunca perdeu a sua postura e a sua seriedade. Os meus respeitos e a minha vénia.

A resposta ao director do JN

clicar sobre a imagem

Quando e quanto estamos de acordo

Espero que o TAF não se amofine por eu transcrever este extracto da sua coluna de hoje (texto completo aqui) no JN:

"…O que fazer quando as instituições parecem esboroar-se? Actuar com eficácia talvez cruel (pois a avaliação que se faz não é, nem deve ser, do âmbito rigoroso da Justiça), escolhendo rapidamente novos protagonistas. Não há estabilidade que justifique a manutenção de um caminho errado com gente indigna do cargo que ocupa - estabilidade em direcção ao abismo? O argumento de que sem uma alternativa na manga não se deve arriscar uma mudança é um resto do inevitável lastro cultural salazarista, que impele os representantes do povo a agir como se fossem seus "encarregados de educação". A alternativa só se materializa em face da oportunidade, na medida da necessidade concreta. Uma solução aparecerá quando tiver mesmo de aparecer. Não se adie mais…."

Não há duas sem três


Não deixa de ter a sua piada que, imediatamente a seguir às suas declarações de que "...tenho este terrìvel hábito de cumprir a minha palavra" pelo que só falaria da sua eventual candidatura na Sexta, conste em tudo o que é sítio que Aguiar Branco (Silva, e não lhe meto o hífen porque não alinho em acordos ortográficos pirosos e tardios) vai ser candidato à liderança do PSD. Terá sido por sms anónimo ou fax da cabine em frente? Se calhar foi pelo recoveiro que a mensagem chegou à imprensa.
Mas mais giro que tudo vai ser acompanhar no Diário da Manhã do norte (vulgo JN dos Oliveiras e Pereira) a ajudinha que lhe vão prestar. Querem apostar?

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Começar de novo


A confirmar-se, a candidatura de Paulo Rangel à liderança do PSD é, no contexto actual de grave crise institucional e política, uma boa notícia e um motivo de esperança.

Já aqui exprimi vivas reservas sobre certas posições políticas de Paulo Rangel, nomeadamente quanto às suas teses federalistas e ao seu seguidismo em relação ao desempenho, a meu ver desastroso, do Presidente da Comissão Europeia. Não é questão de somenos.

Mas o PSD precisa como pão para a boca de pessoas que não tenham medo de afrontar o poder socratino e que apontem um caminho alternativo credível. Pelas provas dadas, Paulo Rangel é homem para isso. Força.

Mestrado em buracos


Diário da República, 2ª Série, nº. 51, 12 de Março de 2008

O lugar das tartarugas


Enquanto suturava um ferimento na mão de um velho pedinte (cortada por um caco de vidro indevidamente jogado no lixo), o médico e o paciente começaram a conversar sobre o País, o governo e, fatalmente, sobre Sócrates...

O velhinho disse:
- Bom, o senhor sabe, o Sócrates é como uma tartaruga em cima do poste...

Sem saber o que o velho quis dizer, o médico perguntou o que significava uma tartaruga em cima do poste. Ao que o velho respondeu:
- É, quando o senhor vai indo por uma estradinha, vê um poste. Lá em cima tem uma tartaruga tentando equilibrar-se. Isso é uma tartaruga em cima do poste.

Perante a cara de espanto do médico, o velho acrescentou:
- Você não entende como ela chegou lá;
- Você não acredita que ela esteja lá;
- Você sabe que ela não subiu para lá sozinha;
- Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
- Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
- Você não entende bem porque a colocaram lá;
- Então, tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar!

O Estado da coisa...

O BCP, superiormente dirigido pela isenta equipa de magníficos administradores, provenientes da CGD e liderados por uma escolha de Sócrates, continua alegremente... a caminho da solvência!!!

Ler aqui, no diário Económico.

Aliás, quando "Os analistas salientam que "embora o impacto deste negócio seja relativamente pequeno para o BCP, acreditamos que esta notícia é um sinal claro do compromisso do managment em reforçar a posição de solvência do grupo", não será preciso comentar mais nada.

Constata-se apenas que o Millenium continua a abdicar da estratégia de internacionalização, que era suposto contribuir para o crescimento do grupo.

Possivelmente, irão refocar-se no negócio nacional. Através de PPP, para garantir que o risco é nulo...

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Última hora- notícia para o Carnaval

O representante nomeado pelo FMI para resolver o problema Português chega a Portugal na próxima sexta-feira.
Como medida imediata anunciou que segunda e terça feira seguintes são dias normais de trabalho, como se sabe. O nosso 1.º rasgou o texto que se preparava para divulgar dando nota da habitual tolerância de ponto e os presidentes dos inúmeros organismos desconcentrados e também dos concentrados da administração pública acabam de emitir um comunicado conjunto inédito:
-"Como vamos pagar a conta da àgua e da luz desses dois dias que há muito não têm cabimenação?"
Hanz Ruller, o administrador nomeado pelo FMI, acaba de informar, na sua lígua materna, o maltês, que não quer saber. "Quem não governa tem de deixar-se governar. Homens sêde homens", disse a terminar!

Mais uma reflexão

Pinto da Costa tem muito a aprender com Sócrates

Clarificação

O problema não é a divulgação das escutas pôr em causa o Estado de Direito.

O problema é que as escutas divulgadas colocam em causa o Estado de Direito...

Pergunta

Já viram este artigo da Proposta de Lei de Orçamento?

Artigo 72. " Concessão extraordinária de garantias pessoais do Estado"
1 -Excepcionalmente, pode o Estado conceder garantias, em 2010, nos termos da lei, para reforço da estabilidade financeira e da disponibilidade de liquidez nos mercados financeiros.
2 -O limite máximo para a autorização da concessão de garantias previsto no número anterior é de € 9 146 200 000 e acresce ao limite fixado no nº 1 do artigo 61.

Pergunta: Este valor tão certinho foi pensado concretamente para quem?

Seremos todos umas raposinhas?


O buraco da fechadura


Depois de tudo isto fica-nos uma estranha sensação de vazio: isto é tudo forjado, tudo maquinado, tudo fruto de conspirações. Não podemos acreditar em nada.
Qual a verdadeira razão da "entrada" da CGD no BCP?
Qual a verdadeira razão da nacionalização do BPN?

Em bom rigor, só saberemos quando forem publicadas escutas!...

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

TODOS PELA LIBERDADE

Entretanto, se achar que sim, assine aqui.

É pior que minhocas

Os últimos dias mostraram a quem ainda tivesse dúvidas que o Governo e o Partido de Sócrates são capazes do pior para amarfanhar a opinião, sobretudo se esta é livre e crítica.
Alguns de nós receiam que o país esteja a tal ponto desvitalizado que seja incapaz de reunir um mínimo de energias para reagir como deveria a tudo o que se vai sabendo.

Ainda assim, considero que o verdadeiro teste à aparente anemia dos nossos co-cidadãos vai ser o pacote de medidas que o Governo vai ter de apresentar para sossegar Bruxelas e os mercados internacionais. E aí desconfio que o teste se fará na rua.

O Governo sabe isso e vai preparando uma porta de fuga, seja à moda Guterres, seja ao estilo Barroso. Entretanto, trata da sua vidinha, ou seja, manobra e negoceia. Sob a capa de fumo da nossa indignação face às últimas notícias em matéria de asfixia democrática, o Comité de Negócios em que o Governo se transformou ultima à sucapa, por intermédio das empresas públicas onde pululam "Penedos" e das privadas que rezam ao Espírito Santo, umas nebulosas operações à volta da Cimpor, da Galp e da EDP.

Os acordos para-sociais que estão a ser cozinhados com "brasileiros" amigos e os angolanos do costume, que para cúmulo beneficiam de financiamentos das nossas próprias instituições financeiras, não podem passar entre as gotas da chuva.

Se nas próximas semanas assistirmos ao desmoronamento deste Governo, é fundamental estar muito atento às manobras e negócios da 25° hora dos que fazem malas e já aquecem lugares em certas administrações. Os últimos dias de gente desta laia são os mais perigosos. É que seremos todos a pagar depois a factura.